SOJA E O CÂNCER DE PRÓSTATA
A
soja previne o câncer de próstata ou de reduz o risco de recorrência? Com um em
cada seis homens americanos desenvolvendo câncer de próstata ao longo de suas
vidas, muitas pessoas gostariam de pensar assim, e indústria da soja raramente
perde uma oportunidade para comercializar seus produtos todo mês de setembro
durante o mês da Consciência Nacional do Câncer de Próstata. Este ano, porém
eles não deverão estar nas ruas usando pulseiras e bonés azuis claro e
distribuindo leite de soja, farinha de soja e grãos de soja em belas embalagens
azuis, mas ao invés deveriam cantar uma música triste (“blues”).
Mas
porquê? Más notícias para a indústria da soja vieram em 10 de julho quando um
estudo do Journal of the American Medical Association (JAMA)
mostrou que soja não vai impedir a recorrência do câncer de próstata cancer.1 Esses
estudos da Universidade de Illinois, Chicago, se revelaram
"decepcionantes", mesmo para os pesquisadores que tinham plena
confiança de que a soja ajudasse a prevenir a recorrência do câncer de
próstata. O principal pesquisador Maarten Bosland, PhD, disse que estava
desapontado, mas satisfeito com a clareza dos resultados. "Os resultados
foram estatisticamente muito sólidos e a falta de efeito terapêutico convincente."
Muitos homens pensam que a soja pode ser benéfica, mas este estudo mostra que
ela não é." 2
A
equipe analisou 177 homens com uma forma agressiva de câncer de próstata que
foram submetidos à prostatectomia e estavam em alto risco de recorrência.
Intervenção suplementar foi iniciada dentro de quatro meses após a cirurgia e
continuou por até dois anos, com aferições do PSA feitas em intervalos de dois
meses durante o primeiro ano e a cada três meses a seguir. Oitenta e sete
homens beberam uma bebida à base de soja contendo 20 gramas de proteína isolada
de soja e 90 homens receberam o placebo com caseinato de cálcio. O estudo foi
interrompido precocemente porque o "tratamento" foi, obviamente,
ineficaz.
Como
esperado, os defensores de soja estão a lamentar-se de que o estudo seria mal
projetado, mal executado, e muito pequeno para ser definitivo.3Na
verdade, este foi um teste randomizado, duplo-cego, realizado entre julho de
1997 e maio de 2010, em sete centros dos EUA. Mesmo um estudo maior teria sido
altamente improvável em mostrar o resultado desejado, ou teria o encontrado em
um nível tão discreto a ponto de ser insignificante. A bebida de soja e o
placebo foram cuidadosamente randomizados e não diferiram significativamente na
distribuição de fatores de risco, incluindo o risco de recorrência. A adesão
foi maior do que 90 por cento, e não houve diferença nos efeitos adversos entre
os dois grupos.
Dado
que o "placebo", foi o caseinato de cálcio, a soja foi muito mal
mesmo. A caseína é uma proteína fracionada de baixa qualidade severamente
deficiente em cisteína (um aminoácido essencial condicional necessário para
suporte imunológico e desintoxicação) e rico em resíduos perigosos como o MSG e
outros criados durante o processamento sob alta temperatura. Embora amplamente
referido como uma proteína placebo neutra, a caseína é rotineiramente utilizada
em estudos destinados a fazer a soja parecer boa, particularmente em estudos
sobre soja, colesterol e doença cardíaca. 4
Embora
as manchetes dessa notícia relatassem que o tratamento não teve efeito, 22 dos
pacientes de soja e 23 dos pacientes que receberam placebo tiveram recorrência
de câncer de próstata. Curiosamente, a recorrência para os pacientes sob a soja
veio mais rápido (média de 31,5 semanas), em comparação com o grupo placebo
(média de 44 semanas). Embora esta diferença fosse "estatisticamente
insignificante", é obviamente interessante. Isso levanta a questão de
saber se a verdadeira razão para que esse estudo fosse interrompido
prematuramente não tenha sido porque a soja mostrou-se tão ineficaz, mas sim
porque os riscos estavam começando a surgir.
O
artigo do JAMA faz referência a alguns estudos que sugerem que a soja pudesse
ser útil no câncer de próstata, mas no geral a pesquisa sobre o câncer de
próstata e a soja é inconsistente e contraditória. 5 Alguns
estudos sugerem que a soja aumente o risco de câncer de próstata, outros
sugerem que diminui, e ainda outros não mostram nenhum efeito. Alguns dos
estudos em humanos sugerem que, se a soja reduz o risco de câncer de próstata
ele faz isso só para quem produz equol (C15H1403). 6,7 O
equol é um metabólito da isoflavona de soja – a daidzeína - que somente algumas
pessoas são capazes de produzir no intestino. Dado que a indústria da soja
gosta de promover seus produtos, como benéfico para todo mundo, o equol tem
sido um problema que a indústria da soja prefere não falar.
Os
proponentes da soja também raramente dizem aos homens que se proteína de soja
protegesse do câncer de próstata é porque ela tem um efeito feminizante. As
elevadas quantidades de soja que podem ser úteis na prevenção do câncer de
próstata ou como tratamento vai diminuir significativamente a testosterona e
outros andrógenos e aumentar o estrógeno. Os médicos que acreditam que o câncer
de próstata dependa da exposição a hormônios reprodutivos masculinos recomendam
a soja porque seus estrógenos perturbam as concentrações e proporções hormonais
naturais. Embora esta teoria possa levar a aplicações farmacêuticas válidas no
tratamento do câncer, parece desaconselhável como tratamento preventivo para a
totalidade da população masculina. A testosterona, afinal, tem múltiplas ações
benéficas no organismo, incluindo o crescimento, a reparação, a função da
tireoide, a formação de glóbulos vermelhos e suporte imunológico, bem como seus
reconhecidos papéis viris para o desejo sexual e para a reprodução.
Os
homens que foram instados a consumir soja para prevenir ou reverter o câncer de
próstata também podem levar em conta as advertências de Daniel Doerge, PhD, e Hebron
C. Chang, PhD, do Laboratório Nacional do FDA para a pesquisa toxicológica, que
descobriu que a "genisteína interfere com receptores de estrógeno na
glândula prostática de ratos" e advertiu que essa descoberta pode ter
"implicações para a toxicidade reprodutiva e à carcinogênese. " 8
O
dano cerebral é outra possibilidade. As isoflavonas da soja têm diminuído tanto
o peso do cérebro como o da próstata de ratos, e também alterou a estrutura da
região do cérebro do dimorfismo sexual. O núcleo do dimorfismo sexual está
localizado no diencéfalo na base do hipotálamo e é sensível aos estrogênios e a
testosterona de modo específico ao gênero, ou seja, de forma diferente para os
machos e fêmeas. 9, 10
Finalmente,
os pesquisadores que testaram a dieta com baixo teor de gordura, e rico em soja
em pacientes com câncer de próstata encontraram uma queda insignificante nos
níveis de PSA, um efeito modesto no tempo de progressão do TTP (outro marcador
de câncer de próstata) e um aumento indesejável de IGF-1 no soro níveis. 11 (IGF-1
significa Fator de Crescimento Semelhante a Insulina). Concentrações
circulantes do IGF - 1 aumentam o risco do câncer da próstata, da bexiga,
câncer colo-retal e da mama e tem sido implicado na doença cardíaca, diabetes
Tipo 2 e osteoporose. Até agora, a pesquisa indica que a soja aumenta os níveis
de IGF- 1 somente em homens.12
O
que resta? Dr. Bosland e sua equipe são pró-soja. Apesar de desapontado com os
resultados, no entanto, especula que os homens que começam a comer soja mais
cedo na vida seriam mais propensos a se beneficiar com proteção para a
próstata. Eles também concluíram a soja foi, no mínimo, reconhecida por ser
"segura" e deve ser consumida porque pode muito bem oferecer outros
benefícios. Sim, pode, mas eu diria que as populações mais suscetíveis de se
beneficiar seriam os monges tentando manter seus votos de castidade, os
políticos com priapismo e os maridos infiéis. Para o resto de nossos homens, o
corpo da pesquisa sugere a sabedoria de se tomar cuidado com a soja e
respeitando o princípio da precaução: é melhor prevenir do que remediar.
Fonte do artigo original:
Referências:
1. Bosland MC, Kato I,
Zeleniuch-Jacquotte A, et al. Effect of soy protein
isolate supplementation on biochemical recurrence of prostate cancer after
radical prostatectomy: a randomized trial. JAMA. 2013 Jul
10;310(2):170-8.
2. Seaman, Andrew M. Soy
doesn’t prevent prostate cancer return: study. Reuters, July
9, 2013.
http://www.reuters.com/article/2013/07/09/us-soy-prostate-cancer-idUSBRE96815K20130709
3. Bankhead, Charles.
The two sides of soy and prostate cancer. Med Page, July
15, 2013. http://www.medpagetoday.com/HematologyOncology/ProstateCancer/40476
4. Daniel, Kaayla.
Striking at the soy heart health claim. March, 30, 2009 westonaprice.org
. http://bit.ly/1dyWDs0 At the end of this article,
there is a link to WAPF’s complete petition to the FDA, asking for retraction
of the 1999 soy prevents heart-disease health claim. It includes a
discussion of the use of casein as a control in studies on soy and heart
disease. http://www.westonaprice.org/images/pdfs/2008feb18-fdasoyheart-letter.pdf
5. Daniel, KT. The
Whole Soy Story: The Dark Side of America’s Favorite Health Food (New
Trends, 2005) pp. 386-389
6. Akaza H, Miyanaga N et
al. Is daidzein non-metabolizer a high risk for prostate
cancer? A case-controlled study of serum soybean isoflavone
concentration. Jpn J Clin Oncol.2002 Aug;32(8):296-300.
7. Akaza H, Mihanaga N et al. Comparisons of percent
equol producers between prostate cancer patients and controls: case-controlled
studies of isoflavones in Japanese, Korean and American residents. Jpn
J Clin Oncol. 2004 Feb;34(2):86-9.8
8. .Doerge D, Chang
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and in vivo. Chromatogr B Analyt Technol Biomed Life Sci. 2002
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9. Lephart ED, Adlercreutz H,
Lund TD Dietary soy phytoestrogens effects on brain structure and aromataze in
Long-Evans rats. Neuroreport. 2001 Nov 16;12(16):3451-5
10. Lephart ED, West TW et
al. Neurobehavioral effects of dietary soy phytoestrogens. Neurotoxicol
Teratol. 2002 Jan-Feb;24(1):5-16.
11. Spentzos D, Mantazoros C et
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12. Probts-Hensch NM, Wang H et
al. Determinants of circulating insulin-like growth factors I and
insulin-like growth factor binding protein 3 concentrations in a cohort of
Singapore men and women. Cancer
Epidemiol Biomarkers Prev. 2003
Aug;12(8):739-46.
Artigo original de Kaayla Daniel
em www.westonaprice.org
Artigo público - Internet - Tradução
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